
Em quatro décadas, Mato Grosso do Sul perdeu quase metade da vegetação nativa do Cerrado, enquanto áreas de pastagem e agricultura avançaram significativamente, aponta levantamento do MapBiomas
Campo Grande News –
Mato Grosso do Sul possui atualmente apenas 25% de seu território de Cerrado ainda coberto por vegetação nativa, colocando o estado entre os que menos preservam o bioma no país. Os dados constam no levantamento divulgado nesta quarta-feira (1º) pelo MapBiomas, que analisou a cobertura e uso da terra no Brasil entre 1985 e 2024.
Há 40 anos, o Cerrado sul-mato-grossense tinha 10,7 milhões de hectares de vegetação nativa. Hoje, restam 5,5 milhões, uma perda de 5,2 milhões de hectares, ou quase metade da cobertura original. No mesmo período, a área ocupada por pastagens cresceu de 36% para 44% do bioma no estado.
“O Cerrado vem sendo transformado em ritmo acelerado nas últimas quatro décadas. A agricultura se expandiu e se intensificou, consolidando a região como central na produção de grãos do país”, explica Bárbara Costa, analista de pesquisa do Ipam e integrante da equipe do Cerrado do MapBiomas.
O quadro se repete em todo o país. O Cerrado, presente em 23,3% do território brasileiro, perdeu 40,5 milhões de hectares de vegetação nativa desde 1985, o equivalente a 28% da cobertura original — área 1,4 vez maior que o estado da Bahia. Hoje, 47,9% do bioma já está ocupados por atividades humanas.
A expansão da agricultura foi a mais expressiva: aumentou 533% nos últimos 40 anos, com destaque para a soja, que ocupa quase metade da área cultivada no Cerrado. Entre os territórios com maior cobertura de vegetação nativa estão terras indígenas (97%), áreas militares (95%) e unidades de conservação (94%), enquanto áreas urbanas e imóveis rurais apresentam os menores índices.
Além da perda de vegetação, a superfície de água natural do bioma encolheu 27,8% em quatro décadas, apesar da construção de hidrelétricas e reservatórios. “É essencial promover políticas públicas que conciliem produção, conservação e recuperação da vegetação nativa para garantir segurança hídrica, alimentar e climática do Brasil”, reforça Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam e coordenadora das equipes do Cerrado e Fogo no MapBiomas.
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