A Corrupção Começa no Indivíduo

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Divulgação

A corrupção é um dos males mais conhecidos — e sofridos — pelo povo brasileiro, e não é por acaso. Afinal, os maiores escândalos de corrupção da história recente do mundo ocorreram em nossas terras.

O Petrolão, por exemplo, foi classificado pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos como o maior caso de corrupção já investigado no planeta, envolvendo bilhões de dólares desviados dos cofres públicos.

Antes dele, tivemos o Mensalão, a corrupção nas obras da Copa do Mundo, das Olimpíadas e, como se não bastasse, agora nos deparamos com o escândalo do INSS.

E quis a grande força da coincidência que, tanto a companhia de teatro quanto os atores principais fossem os mesmos em cada um desses casos.

Quando o assunto é corrupção, o Brasil, infelizmente, se tornou referência global.

Embora seja fácil apontar os culpados nas esferas mais altas do poder, a verdade é que essa cultura de corrupção muitas vezes reflete um problema mais profundo, que começa com cada um de nós.

Todos nós somos, em algum grau, potencialmente corruptos ou corruptores.

No entanto, não podemos deixar de frisar que tais escândalos são insuportáveis e extremamente mais danosos do que quaisquer atos de corrupção na esfera particular, pois destroem a nação, comprometem gerações inteiras e corroem as bases da sociedade.

Quando um grande caso de corrupção vem à tona, ficamos indignados e nos perguntamos como esse mal poderia ser sanado de vez.

Perguntamos se existe algo que possa ser feito para que tais atos não voltem a se repetir.

Pensamos que as leis poderiam ser mais duras, ou que novas leis poderiam ser criadas na tentativa de romper esse ciclo vicioso.

Pensamos, ainda, em mudar toda a classe política, na esperança de transformar todos os problemas de nossa sociedade de uma única vez — como se a corrupção fosse algo ligado exclusivamente a essa classe.

Dessa forma, quando esses casos são descobertos e expostos ao público, a única coisa que queremos é que sejam resolvidos e que tudo isso acabe de uma vez por todas. Só não sabemos como fazer isso acontecer.

Esperamos que algo possa ser feito para que os sistemas mais importantes de nossa sociedade se transformem em estruturas justas e íntegras, verdadeiramente úteis para toda a população — e não apenas fontes de escândalos e de enriquecimento ilícito de um pequeno grupo.

O que esquecemos, nessas horas, é que jamais poderemos esperar que os sistemas sejam justos e íntegros se a matéria-prima que os compõe — os próprios indivíduos — não o forem.

A atual crise de integridade é, na verdade, a fonte de todas as demais crises.

Muitos dos problemas sociais, econômicos e políticos que enfrentamos têm origem no colapso da moral individual, na falta de integridade demonstrada por um grande número de pessoas.

Pessoas que querem levar vantagem em tudo, sem se importar com os meios, multiplicando a corrupção por onde passam.

Dessa forma, a crise contra a qual devemos lutar com mais afinco é a crise de integridade.

É ela que, muitas vezes, gera todas as outras: corrupção, violência, injustiça, decadência institucional.

A ausência de caráter pessoal produz consequências coletivas.

Diante dessa realidade, precisamos mudar nossa perspectiva, reconhecendo que a corrupção dos líderes de nossa nação talvez seja apenas o reflexo de uma sociedade igualmente corrompida — uma sociedade da qual fazemos parte, e uma corrupção da qual, muitas vezes, também participamos.

Por isso, é urgente rever nossos valores, nossas atitudes e nossas escolhas.

Isso não depende de governo, mas da consciência pessoal.

Cada cidadão é um pilar do edifício social.

A mudança coletiva começa com o compromisso individual com a verdade, com o bem e com a honestidade.

Quando cada um zela por sua integridade, o sistema como um todo se fortalece.

Nossa sociedade somente será justa quando os membros que a formam forem justos.

E isso exige mais do que discursos: exige retidão nas pequenas escolhas, nas atitudes escondidas, nos compromissos silenciosos.

Essa é a verdadeira revolução: aquela que começa dentro de cada um.

E somente essa revolução interior pode alcançar e modificar os sistemas que regem nossa sociedade.

*Wanderson R. Monteiro
Autor de São Sebastião do Anta – MG.

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