
Coordenadoria de Comunicação Social/Ebserh –
Certamente você já ouviu frases como: “Não sou racista, até tenho amigos negros”, “Isso é um serviço de preto” ou “É um preto de alma branca”. Essas expressões, muitas vezes ditas sem reflexão, denotam um racismo estrutural enraizado na sociedade, que tem impacto direto na autoestima e no bem-estar de muitas pessoas. Diante dessa realidade, o Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD/Ebserh) convida à reflexão sobre o poder das palavras e os efeitos psicológicos que elas podem causar.
A psicóloga Rafaela Reginato, do HU-UFGD, alerta que expressões racistas continuam a ser utilizadas sob justificativas como “é só uma frase” ou “não significa nada”. No entanto, minimizar esses discursos impede o avanço rumo a uma sociedade mais justa e livre de discriminação.
“A educação tem um papel essencial na desconstrução do racismo. Quando ensinamos sobre diversidade, história e os impactos causados pelo preconceito, ajudamos a identificar e questionar práticas discriminatórias. A mudança começa quando reconhecermos e eliminarmos essas expressões do nosso vocabulário”, afirmou a especialista.
Mas os danos não se limitam apenas à esfera social. Segundo Reginato, o racismo afeta profundamente a saúde mental.
“A exposição constante ao preconceito pode levar à desvalorização pessoal, insegurança e isolamento social. Com o passar do tempo, esses fatores podem contribuir para quadros depressivos e ansiosos”.
Além disso, a constante exposição a “pequenas agressões” pode gerar estados de hipervigilância, afetando o bem-estar emocional. Esse processo pode desorganizar elementos psíquicos e emocionais, resultando em sintomas como taquicardia, hipertensão arterial, úlceras gástricas, ansiedade, ataques de pânico, depressão, comprometimento da identidade e distorção da autoimagem.
“Através da conscientização, é possível promover mudanças nas relações sociais e na forma como os indivíduos percebem e nomeiam expressões racistas. A educação crítica possibilita a construção de um ambiente mais inclusivo, no qual a diversidade é valorizada e o preconceito é enfrentado de forma ativa”, concluiu a psicóloga.
Saiba mais
O Dia Internacional de Luta pela Eliminação da Discriminação Racial, celebrado em 21 de março, foi instituído pela organização das Nações Unidas (ONU) em memória ao massacre de Sharpeville, ocorrido na África do Sul em 1960. A data reforça a importância do combate ao racismo em todas as suas formas. No Brasil, a Constituição de 1988 tornou a prática do racismo crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão.
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