O termo brain rot, que significa apodrecimento cerebral, foi escolhido como a palavra do ano pela Oxford em 2024 Imagem ilustrativa
Rafaela Reginato –
O primeiro contato com as telas acontece logo ao acordar, com o despertador do smartphone. Ao longo do dia, o aparelho continua como uma espécie de segunda pele: é utilizado para conversar com amigos e familiares, estudar, trabalhar e se entreter. Entre uma tarefa e outra, uma espiadinha nas redes sociais. Mas a rotina conectada tem um preço – às vezes muito elevado. O consumo constante de conteúdo digital, especialmente de forma rápida e superficial, pode afetar nossa saúde cognitiva de maneiras invisíveis, profundas e até irreparáveis. Assim, a campanha Janeiro Branco, que dedica o primeiro mês do ano à reflexão sobre o cuidado com a saúde emocional, também representa um convite a uma vida mais equilibrada entre o online e o offline.
A dificuldade de desconectar-se das telas é um fenômeno mundial. Em 2024, o termo brain rot, que significa “apodrecimento cerebral”, foi escolhido como a palavra do ano pela Universidade de Oxford, após uma votação pública que reuniu mais de 37 mil participantes. A expressão descreve um processo de desgaste mental que ocorre com a exposição contínua a conteúdos rápidos e superficiais, como vídeos curtos no TikTok ou Instagram.
Se o uso das redes sociais foge do controle, é preciso ligar o sinal de alerta. Por isso, a psicóloga Rafaela Reginato, do Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD), compara o consumo excessivo de conteúdo digital ao vício.
“Assim como outras dependências, o uso constante de conteúdos digitais cria uma sensação de prazer imediato, mas temporário, fazendo com que a pessoa busque cada vez mais esses estímulos rápidos”, afirma.
Para evitar os efeitos do brain rot, a psicóloga recomenda estratégias como estabelecer limites para o uso de telas, procurar atividades que desafiem o cérebro, como leitura e esportes, e praticar mais interações sociais presenciais.
“É importante também reservar momentos para introspecção e autoconhecimento, evitando usar as redes como uma fuga emocional”, sugere.
Janeiro Branco
Criada em 2014, a campanha Janeiro Branco busca conscientizar a população sobre a importância do cuidado com a saúde mental, com foco na reflexão sobre a vida, relações sociais e emoções. A escolha do primeiro mês do ano tem um significado simbólico, já que muitas pessoas estão mais propensas a avaliar suas condições de existência nesse período.
Assim como uma “folha em branco”, a mobilização convida todos a escreverem ou reescreverem suas histórias de vida, reforçando a necessidade de preservar o bem-estar psicológico. Esse cuidado se torna ainda mais necessário diante dos impactos negativos causados pelo uso excessivo de tecnologia, como o fenômeno do brain rot.
Rede Ebserh
O Hospital Universitário da Universidade Federal da Grande Dourados (HU-UFGD) faz parte da Rede da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Rede Ebserh) desde setembro de 2013. Vinculada ao Ministério da Educação (MEC), a Ebserh foi criada em 2011 e, atualmente, administra 45 hospitais universitários federais, apoiando e impulsionando suas atividades por meio de uma gestão de excelência. Como hospitais vinculados a universidades federais, essas unidades têm características específicas: atendem pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) ao mesmo tempo em que apoiam a formação de profissionais de saúde e o desenvolvimento de pesquisas e inovação.
Obs. A nossa caixa de comentários está aberta mais abaixo, caso o leitor queira participar.