Corpo de Marcel Felipe Ribeiro Barcelos só foi identificado após cinco dias após o caso, quando a família viu as imagens em reportagem da RECORD Minas
Cinco dias após a RECORD Minas noticiar a morte de um homem baleado pela Polícia Militar, no bairro Carlos Prates, região noroeste de Belo Horizonte, a família reconheceu o corpo da vítima nesta segunda-feira (19).
Os parentes souberam da situação do homem dado como desconhecido após reportagem da emissora.
A vítima é Marcel Felipe Ribeiro Barcelos, de 31 anos.
Barcelos estava de cueca pelas ruas do bairro, aparentemente desnorteado, quando foi abordado pelos militares.
A polícia alega que o sargento agiu em legítima defesa, a família contesta a versão.
Entenda a dinâmica a seguir:
O que mostram as imagens
Nas imagens, um homem de boné e cueca desce a rua.
No canto inferior do vídeo, uma mulher abre a porta de uma empresa, percebe a presença do jovem e chega a perguntar o que ele está fazendo.
Ele não responde.
Segundos depois, uma viatura da Polícia Militar se aproxima. Um PM desce e pede para o homem levantar as mãos.
Ele tira o boné e joga no chão.
É possível ouvir o policial pedindo para ele ficar tranquilo e se afastar, mas Marcel não obedece.
A discussão continua e o jovem vai atrás do policial, que se afasta.
O outro PM se aproxima e joga spray de pimenta algumas vezes para contê-lo.
Ele começa a ir em direção ao militar e pede ajuda, mas o soldado continua a jogar spray de pimenta.
Eles correm e descem a rua.
Ainda desnorteado, o homem volta subir a rua e vai em direção ao primeiro policial, que pede calma e atira três vezes.
A vítima cai no chão.
Logo depois, mesmo ferido, o jovem levanta e vai em direção ao policial, mas cai novamente.
O que diz a Polícia Militar
Segundo o boletim de ocorrência, os militares foram ao local após um chamado.
Eles chegaram a pedir reforços durante a abordagem porque estavam sem armas de choque.
Dos três tiros que o policial deu, dois atingiram Marcel.
Um no ombro esquerdo e o segundo no abdômen.
Em nota, a PM afirmou que Marcel apresentou comportamento resistente e atentou contra os militares por diversas vezes, chegando a encurralar um dos militares.
Mesmo sendo solicitado que afastasse, ele não obedeceu e, por esse motivo, o militar disparou para sua própria segurança.
O que diz a família
A mãe, que prefere não se identificar, conversou com exclusividade com a RECORD Minas.
Ela conta que além dos tiros, o corpo do filho ficou com hematomas de uma possível agressão.
Ainda segundo ela, o laudo do IML, aponta que ele tinha múltiplas fraturas.
O reconhecimento só foi realizado cinco dias depois do crime porque segundo os parentes o Marcel morava sozinho.
A mãe só soube da morte do filho ao assistir à reportagem da RECORD Minas.
Há dois meses, Marcel começou a trabalhar fazendo faxina em uma empresa de transporte em Betim, na Grande BH.
A mãe confirma que o filho fazia uso de drogas e que, quando ele morava com a mãe em Contagem, na Grande BH, passou por outros surtos psicóticos.
Para ela, houve truculência e despreparo da polícia.
A mulher diz que vai procurar a Justiça para esclarecer o que de fato aconteceu com o filho.
A reportagem procurou a Polícia Militar e questionou sobre as alegações da família de que a vítima teria morrido por conta de agressões.
A PM manteve o posicionamento da primeira nota emitida sobre o caso.
Confira a nota da PM na íntegra:
“A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece que na noite de ontem, 14.08, durante o patrulhamento no bairro Carlos Prates, a viatura foi interceptada por um cidadão que relatou aos militares que um homem, trajando apenas peça íntima, percorria as ruas da localidade abordando as pessoas com comportamento agressivo, principalmente mulheres.
Ao localizá-lo, a guarnição tentou verbalizar com o suspeito, que apresentou comportamento resistente e atentou contra os militares por diversas vezes.
Durante a abordagem, foi utilizado instrumento de menor potencial ofensivo, spray de pimenta, no intuito de reduzir a capacidade de resistência do indivíduo e afastá-lo dos policiais militares até que o reforço solicitado chegasse em apoio.
Porém, em determinado momento, o agressor investe para cima de um dos militares, encurralando-o.
Mesmo sendo solicitado que afastasse, o indivíduo não obedece às ordens, momento em que o policial, para salvaguardar a própria vida, utiliza da arma de fogo e efetua três disparos.
O indivíduo foi socorrido, no entanto, foi a óbito no hospital.
A PMMG esclarece, ainda, que todas as informações contidas no REDS foram corroboradas com imagens de câmeras de seguranças da região.
Todas as medidas de Polícia Judiciária Militar foram adotadas e a instituição acompanha o caso.”
Fonte:R7