É possível afirmar que ainda é amplo o desconhecimento sobre a nobre profissão de agricultor, de muita batalha e de valor vital a toda a sociedade.
No imaginário de grandes centros urbanos pairam mitos sobre a atividade rural.
Milhares de pessoas não fazem ideia da inovação, dos desafios superados e da coragem necessária para ser um homem ou mulher do campo e devotar a vida a produzir alimento.
A agricultura é uma indústria a céu aberto, suscetível a fatores climáticos, assim como a atividade está passível de impactos econômicos, legais e de outros vieses.
Um grande mito, posso testemunhar, afronta a bagagem de conhecimento sobre o agricultor.
Quando eu era menino, uma expressão estava muito presente no diálogo entre pais e filhos: “Se você não estudar, vai pra roça, hoje com a tecnologia existente, se você não estudar, você não vai para a roça!”.
Era um tempo de intensa migração do campo para a cidade, nos idos das décadas de 60 e 70, e muitos projetavam o ideário de modernidade nas indústrias, nas grandes repartições e em arranha-céus. Sobrava ao campo o rótulo de arcaico, ultrapassado.
Ocorre que uma verdadeira escalada em conhecimento científico tomou progressão geométrica desde então – e os saltos vertiginosos na produção de grãos em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul estão aí a comprovar, com suas 112,6 milhões de toneladas (estimativa da CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento).
O agricultor se tecnificou, abriu as porteiras à academia e seus experimentos científicos, investiu e investe pesadamente em novos defensivos agrícolas, sementes, máquinas agrícolas, implementos, em técnicas de manejo dos solos e das culturas, em armazenagem.
Tal qual a terra absorve nutrientes, o agricultor se nutre de conhecimento para desempenhar sua missão cada vez melhor, e com sustentabilidade.
Neste quesito, o da consciência e respeito ambiental, é também oportuno pontuar que o agricultor brasileiro respeita a legislação ambiental, uma das mais restritivas do mundo.
A agricultura ocupa somente 7% do território nacional, o que expressa, na prática, a alta produtividade das lavouras.
Para efeito de comparação, nos Estados Unidos e na China, essa relação territorial é de cerca de 18%. Na Índia, chega a 60%.
O Brasil de hoje tem mais de 6 milhões de estabelecimentos rurais, dado do qual se deduz que há um contingente expressivo de agricultores no país.
Esse conjunto de empreendedores faz muito pelo ecossistema social e econômico, conforme alguns indicadores nos reafirmam: no acumulado do ano, a agropecuária já gerou 45.888 novos empregos formais; o PIB do agronegócio foi responsável por 23,8% do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2023; o volume de exportações do Agro atingiu a marca histórica de US$ 166,49 bilhões em 2023 e já registra US$ 82,2 bilhões no primeiro semestre de 2024.
O Agro não para porque o agricultor é um ícone de resiliência. Seja enfrentando as adversidades climáticas e riscos de outras naturezas, as oscilações econômicas ou as incertezas políticas, o agricultor é um forte.
A você, nosso reconhecimento e respeito neste 28 de julho, Dia do Agricultor.
*Luiz Piccinin
É engenheiro agrônomo e presidente da Áster Máquinas