“Todas as ações sanitárias de mitigação de risco foram concluídas antes mesmo da emissão do resultado final pelo laboratório de referência da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), em Alberta, no Canadá. Portanto, não há risco para a saúde humana e animal”, diz a nota da pasta.
Estes são o quarto e quinto casos de vaca louca atípica registrados em mais de 23 anos de vigilância para a doença. O Brasil nunca registrou a ocorrência de casos de vaca louca clássica, segundo a Agricultura.
Os casos de vaca louca atípica ocorrem por causa de uma mutação num único animal. Já os casos clássicos, que é quando o animal é contaminado por causa de sua alimentação, poderiam afetar mais de um bovino por vez.
O ministério informou que os dois casos de vaca louca atípica — um em cada estabelecimento — foram detectados durante a inspeção ante-mortem. Trata-se de vacas que apresentavam idade avançada e que estavam em decúbito nos currais.
Após a confirmação, o Brasil notificou oficialmente à Organização Mundial de Saúde Animal (OIE), conforme preveem as normas internacionais.
No caso da China, em cumprimento ao protocolo sanitário firmado entre o país e o Brasil, as exportações ficam suspensas temporariamente as exportações de carne bovina. A medida, que passa a valer a partir deste sábado, se dará até que as autoridades chinesas concluam a avaliação das informações já repassadas sobre os casos.
Neste ano, o Brasil já exportou US$ 3,545 bilhões em carne bovina fresca, refrigerada ou congelada para a China. A suspensão das exportações para a China, um dos principais parceiros comerciais do Brasil, ocorre num momento em que os produtos brasileiros passam por um maior escrutínio por conta do alto número de infecções por Covid-19 no país.
O Ministério da Agricultura afirma que, por serem casos atípicos, o Brasil mantém sua classificação como país de risco insignificante para a doença, não justificando qualquer impacto no comércio de animais e seus produtos e subprodutos.
Como é a doença
Doença fatal, a vaca louca acomete bovinos adultos de idade mais avançada, provocando a degeneração do sistema nervoso. Como consequência, uma vaca se torna agressiva.
A encefalopatia espongiforme bovina, nome científico da doença, é gerada por uma proteína infecciosa já é presente no cérebro de vários mamíferos naturalmente. Quando essa proteína se multiplica rapidamente, ela mata os neurônios e no lugar ficam buracos brancos no cérebro
Exitem duas formas de ocorrer a doença. Na forma atípica, que foram os casos registrados no Braisl, a proteína sofre uma mutação.
O outro caso é uma contaminação por meio do consumo de rações feitas com proteína animal contaminada, como por exemplo, farinha de carne e ossos de outras espécies. No Brasil, é proibido o uso deste tipo de ingrediente na fabricação de ração para bovinos.
Não há indícios de que uma vaca transmita a doença para a outra. Mas, caso ela seja diagnosticada com o mal, o produtor deve colocá-la para o abate e incinerar o corpo.
A doeça ficou conhecida no mundo após o primeiro grande surto, no Reino Unido, entre 1992 e 1993. Na época, foram confirmados 100 mil casos no país. Mais de 180 mil cabeças de gado foram sido afetadas, segundo as estimativas da época, e mais de 4 milhões de animais foram sacrificados. Durante este período, o consumo de carne bovina chegou a ser proibido no país.
Impactos
Nesta sexta-feira, a suspeita de vaca louca já havia acentuado a queda da atividade dos frigoríficos brasileiros, de acordo com a associação que representa o setor.
“A notícia da vaca louca veio neste momento em que a ociosidade nos frigoríficos que trabalham somente com o mercado interno é bastante elevada e serviu para diminuir ainda mais o negócio de aquisição de bois diariamente”, disse a Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) em nota divulgada na sexta-feira.
“Tudo isso criou uma situação de compasso de espera por parte das empresas que naturalmente iriam parar suas atividades pelo feriado de 7 de setembro, aguardando o desfecho deste caso para a quarta-feira”, afirmou a Abrafrigo.
Fonte: O Globo