Em entrevista ao FOXSports.com.br, Lúcio relembrou sua saída do Bayern e disse que sentiu na pele algo que já era comentado por alguns dos seus companheiros antes dele conhecer pessoalmente o técnico holandês. Apesar da atitude inadmissível de Van Gaal, o ex-jogador falou da sua volta por cima na carreira, após trocar o clube alemão pela Inter de Milão e, na mesma temporada, conquistar a Champions League, além da Copa Itália e do Campeonato Italiano.
“Sem dúvida a minha saída do Bayern não foi por minha vontade. Estava jogando a Copa das Confederações em 2009 e, no final da temporada, fizemos o nosso encontro dos jogadores e a previsão era voltar no ano seguinte. Mas aí o Van Gaal, que assumiu como treinador no Bayern de Munique, me mandou a notícia, ainda quando eu estava na África do Sul, jogando a Copa das Confederações, de que ele não tinha intenção de me utilizar no Bayern. Naquele momento, como eu já tinha cinco anos de Bayern, foi um choque muito grande, tristeza sem dúvida, quando recebi a notícia, mas pelo histórico e pela condição que eu estava no momento, como capitão da Seleção, jogando uma competição internacional, meu foco foi mais na Seleção e deixar o assunto mais para frente. Dou graças a Deus de ter ido para uma equipe também muito forte, com um elenco muito forte, que era a Inter de Milão, com um treinador também muito bom (José Mourinho). Um pouco mais na frente, pude perceber que foi mais um presente de Deus por ter ido para a Inter de Milão. No momento, muitas vezes olhamos para a dificuldade, que era a saída do Bayern, mas, lá na frente, pude perceber que fez grande diferença na minha carreira. Sem dúvidas, um dos meus grandes sonhos era conquistar uma Champions League e isso aconteceu em 2010. A minha saída não foi pela minha própria vontade, porque até hoje tenho um bom e grande relacionamento com o Bayern, com a torcida, é um clube que tenho muito carinho e respeito, que marcou e acrescentou muito na minha carreira, então temos um grande respeito, mas não foi da minha vontade. Naquele momento, o treinador percebeu que eu não fazia parte do projeto dele, então fui meio que obrigado a trocar de clube” , começou por dizer.
“Eu trabalhei muito pouco com ele (Van Gaal), fiquei só uma semana depois que voltei de férias, quando terminamos a Copa das Confederações em 2009, tive que me reapresentar no Bayern porque tinha contrato e ainda não estava nada definido com a Inter de Milão, então tive que me reapresentar. Trabalhei cerca de seis a sete dias com ele, não vi nada demais no trabalho dele que acrescentasse ao nome dele. Tem destaque maior no meio do futebol mais por ser uma pessoa, se tratando dos brasileiros racista, porque não gosta dos brasileiros e já deixou isso explícito quando aconteceu o fato também junto ao Barcelona, com o Rivaldo, no ano que o Rivaldo ganhou o melhor jogador do mundo, Bola de Ouro, deixou o Rivaldo de fora. E os boatos que correm, que se justificou para mim, pessoalmente, porque quando a gente soube que o Van Gaal iria assumir o Bayern, naquela ocasião, estávamos eu e Zé Roberto lá, e o Zé falou: “acho que vou sair porque ele não gosta de brasileiro”. E e u falei: “será? Acho que não”, mas acabou que se concretizou aquilo que todo mundo sempre percebeu dele, essa barreira com os brasileiros. Ele também não foi verdadeiro comigo quando eu cheguei, apenas falou que o que estavam falando na mídia não era verdade, que ele ia observar o meu trabalho, mas todos já sabiam que ele havia tomado a decisão de não contar comigo, mas foi muito bom porque fui para a Inter de Milão, apesar de depois ter esse encontro com o Bayern de Munique na final, foi muito tensa para mim a semana que antecedeu aquele jogo, foi muito complicado porque muita coisa seria colocada à prova então podemos dizer que eu ia enfrentar o treinador que me dispensou do Bayern. Foi mais por isso a minha saída do Bayern. Essa fama do Van Gaal ser um cara que não gosta de brasileiro, que usa metodologias muito antigas e coisas do tipo. Há um tempo atrás foi revelado que ele deu um tapa na cara do Van Persie dentro do vestiário, o próprio jogador que falou. São essas coisas que fizeram com que o nome dele fosse tão falado no meio do futebol, mas vejo que não foi tanto pelo trabalho dele, mas sim pelas polêmicas que ele causava”, prosseguiu.
E por ironia do destino, na decisão da Champions League a Inter de Milão teve como adversário o Bayern de Munique, que acabou derrotado por 2 a 0 no Santiago Bernabéu, em Madri, na Espanha. Após a partida, Lúcio lembra que Van Gaal foi falar como ele e o chamou de “amigo”.
“A gente sabe que dentro do futebol, do jogo, tem o FairPlay. Eu já passei pelos dois lados: ganhando uma final e perdendo uma final, contra o Real Madrid. A gente tem esse respeito, esse FairPlay dentro da partida, que é cumprimentar o vencedor, então me cumprimentou sim, e o mais engraçado é que me chamou de amigo. E eu falei, caramba, um amigo desse aí eu quero, mas bem longe de mim (risos). Me cumprimentou, mas eu tive mais contato com os dirigentes, e daí com os jogadores, fui no vestiário do Bayern para rever os roupeiros, o pessoal de toda a logística do Bayern, fisioterapeutas, que a gente acaba ficando amigos, e os jogadores também. Passei muito tempo ali, temos um respeito e um carinho muito grande, então tive sim essa oportunidade, mas foi uma semana tensa, mas no final graças a Deus a Inter conseguiu conquistar o tão sonhado título da Champions League”, completou.
Fonte/Texto: FoxSports /