Mês da Mulher: Desafio é conciliar família e trabalho, afirmam servidoras

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Servidoras da ALEMS comentaram sobre os maiores desafios para a mulher na atualidade

No caminho para a equidade de gênero, há velhas pedras. Solidificadas pelo machismo, essas pedras atravancam a via para o avanço de direitos e impõem um desafio crucial às mulheres que conquistam espaços no mundo do trabalho: a conciliação entre a profissão e as atividades familiares. Essa percepção é partilhada por servidoras da Assembleia Legislativa de Mato Grosso do Sul (ALEMS), que contribuíram, nesta reportagem, para a reflexão sobre problemas enfrentados pelas mulheres.

Marithê: “Ser mulher, mãe, esposa e profissional é um grande desafio”

Durante a semana, as mesmas servidoras, sete no total, gravaram pequenos vídeos sobre as ações da Casa de Leis em pautas relativas à equidade de gênero. Trabalhadoras e mulheres, inseridas numa sociedade com o machismo dissolvido no hábito, as sete funcionárias percebem diversos obstáculos a serem suplantados.

Gabriela: “O maior desafio ainda é a luta diária entre casa e trabalho”

Além da dificuldade de conciliação entre trabalho e família – o que decorre de papéis domésticos, culturalmente atribuídos a elas – as servidoras também elencam, como desafios, a maior participação na vida pública, superação da violência, da desigualdade, emprego digno e fim dos preconceitos, sobretudo, em se tratando das mulheres negras.

“Eu acredito que ser mulher, mãe, esposa e profissional é um grande desafio nos dias atuais”, considerou a jornalista Marithê Cogo, que trabalha na TV ALEMS. Devido à necessidade de “equilibrar a responsabilidade profissional com a família”, a mulher tem rotina pesada, com dupla ou tripla jornada, conforme nota Marithê. “Na verdade, nada é fácil para uma mulher, mas não podemos negar que já avançamos e conquistamos muito. Aliás, temos o dom de fazer as coisas apaixonadamente e fazer algo que tenha realmente sentido com a nossa essência”, completou.

Heloara: “É um desafio conciliar maternidade, casamento e trabalho”

A cerimonialista Gabriela Rufino concorda com a jornalista Marithê. Para Gabriela, a rotina feita de diversas atividades realizadas na família e no trabalho é algo desafiador à mulher. “O maior desafio para as mulheres continua sendo a luta diária entre casa, trabalho, relacionamento e filhos. E, com tudo isso, também é um desafio manter o equilíbrio e buscar o aperfeiçoamento nas atividades do cotidiano”, afirma.

Nélcia:  “Um dos maiores desafios é o combate ao preconceito”

Para a técnica administrativa Heloara Rodrigues, existem diversos desafios. Ela destaca, entretanto, a maternidade, “que transcende a qualquer outro estado ou papel que a mulher exerce”. “É um grande desafio conciliar a maternidade com o casamento, o papel de esposa, dona de casa e com o trabalho”, opina. Entre as várias funções e atividades, Heloara enfatiza o trabalho. “Há número significativo de mulheres, que compõem o orçamento da casa e precisam apresentar excelência tanto como mães quanto como profissionais”, acrescenta.

Na avaliação de Nélcia Rita, que atua no Cerimonial da ALEMS, os problemas enfrentados no mercado de trabalho e em outros espaços se tornam maiores em se tratando de mulheres negras. “Um dos maiores desafios para mim é o combate ao preconceito”, considera. “Ainda que afirmem que é exagero e não existe, percebo em várias áreas, e até no mercado de trabalho, a desigualdade existente no momento da contratação. Para nós, negras, o esforço sempre tem que ser maior num Brasil miscigenado com praticamente todos os tons”, afirmou.

Iraci: “Manter o protagonismo perante a sociedade é um desafio”

A carga da desigualdade é mais pesada para as negras, como também para as mulheres pobres. É o que nota a jornalista Heloíse Gimenes. “Creio que este é o momento de a sociedade ser chamada a contribuir de forma mais assertiva no debate com relação à mulher pobre. Elas ainda enfrentam desigualdades no acesso a empregos dignos e à educação de qualidade”, comenta. E nesse debate, é central o papel da mulher como protagonista, segundo observa Iraci Yamamoto, que trabalha no setor de Recursos Humanos. “É um grande desafio à mulher mostrar e manter o protagonismo perante a sociedade”, disse.

Aline: “O fim da violência contra as mulheres está entre os desafios” 

Outras questões foram enfatizadas pelas servidoras. Entre elas, está a violência, poucas oportunidades profissionais e baixa participação na política. “Presenciar o fim da luta contra formas de opressão às mulheres, presenciar o fim da violência contra as mulheres e presenciar a conquista de melhores oportunidades: esses são os maiores desafios”, elencou a jornalista Aline Kraemer. Ela observa que houve “avanços significativos”, mas também nota que muitos problemas persistem, como várias formas de opressão, violência, desigualdade no âmbito profissional e pouca representatividade política”.

Participação na política

Heloíse:  “É o momento do debate mais assertivo sobre a mulher pobre”

A participação tímida de mulheres na política também é mencionada por Heloara Rodrigues. “As mulheres que decidem conquistar espaço na política, na vida pública, desafiam-se ainda mais, porque além de continuarem em suas vidas particulares, passam a ter representatividade de classe, da qual serão cobradas”, comenta.

Na atual legislatura, não há mulheres ocupando cadeiras da ALEMS – duas candidatas receberam votações expressivas, mas não foram eleitas, devido a regras eleitorais. No entanto, conforme considera Heloíse Gimenes, isso não impede a atuação do Parlamento na defesa dos direitos das mulheres. “Embora a ALEMS não tenha representante do sexo feminino, as pautas que nos interessa estão sendo debatidas e defendidas pelos 24 deputados”, observa. “Não temos uma deputada, mas estamos presentes em todos os setores da Casa de Leis, desde a sua fundação. Portanto, contribuímos sim para o sucesso da atuação parlamentar”, acrescenta a jornalista.

Diferenças em números

Arte: Luciana Kawassaki

Os problemas e desafios, mencionados pelas servidoras, são explicitados em estatísticas diversas, como as da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Conforme dados da PNAD, em Mato Grosso do Sul, há 1,382 milhão de mulheres, o que equivale a 50,8% da população do Estado. Essa metade populacional contabiliza os piores indicadores, em decorrência da desigualdade.

De acordo com a PNAD, o número de homens desempregados em Mato Grosso do Sul caiu 22% no último trimestre do ano passado (39 mil) em relação a igual período de 2018 (50 mil). No mesmo comparativo, a quantidade de desempregadas cresceu 3,92%, de 51 mil para 53 mil. Enquanto a taxa de desocupação do homem reduziu de 6,2% para 5%, a da mulher majorou de 8,0% para 8,4%.

Também aumentou a diferença salarial entre homens e mulheres. O rendimento médio nominal do trabalho principal deles era R$ 2.587 no quarto trimestre de 2019. O valor é 42% maior que o ganho da mulher, de R$ 1.820. No mesmo trimestre do ano anterior, a renda masculina (R$ 2.432) era 29,9% superior à feminina (R$ 1.872). Nesse período, o rendimento da mulher sul-mato-grossense caiu 2,77%.

Por: Osvaldo Júnior

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