26 de setembro de 2004 e um acidente em uma rodovia paraguaia poderia ter encaminhado o mundonovense Ramão Castelo para uma vida de desgosto e reclusão. Uma vida difícil, muitas vezes trilhada por caminhos tortuosos, era a tônica deste mundonovense.
No período do acidente, Ramão se encaminhava para o trabalho – no setor de Madeiras – por volta da meia-noite. “Prejudicado por dois motoristas imprudentes…que me largaram no local abandonado após bater de frente em minha moto”, Ramão despertou após ficar desacordado. Após gritos de socorro, foi salvo por um sitiante. De lá para Salto del Guayrá, e para Mundo Novo.
Uma vida de depressão não foi o que aconteceu. Castelo, em busca da terra própria, ainda integrou o Movimento de Agricultura Familiar (MAF), antes de rumar para Sorocaba. Lá, em 2018, conheceu o futebol de amputados: disputado em campo society, com sete atletas cada lado.
Paixão pela Corrida começou neste ano
Mas foi na corrida pedestre, conhecida neste ano, que Ramão se encontrou. Ele treina três vezes por semana e no último domingo (15) disputou a Corrida do Vinho, em São Roque. No final de novembro fez a sua primeira meia-maratona (21 Km), em Sorocaba.
O tempo de 3h22m e a colocação 346, dentre 429 participantes, no geral (incluindo todos os competidores, sem deficiência), foi o que menos importou. O ‘fogo do esporte’ em mudar a vida das pessoas é o que fica marcado. Ele foi o único amputado a completar os 21 Km sozinho (sem revezamento).
No próximo dia 31, corre os 15 Km da 95ª Corrida de São Silvestre. “Vou treinar para correr a maratona (42 Km) de Sorocaba no ano que vem”, concluiu Ramão. A vida é cheia de surpresas e a adversidade da perda de uma perna mudou os rumos da vida de Ramão Castelo. E de um limão, ele fez uma limonada.
Legenda: No último domingo, Ramão foi entrevistado pela Rede Globo
Legenda: Ramão migrou do futebol de amputados para a corrida: objetivo agora é completar uma maratona