Os fãs da gastronomia mineira podem até discordar, mas na culinária local há um prato que faz tremendo sucesso e foge dos padrões de beleza dignos de fotos no Instagram: o tropeiro, que inclusive é famoso no cardápio do Mineirão. A assimetria da iguaria à base de feijão serve como comparação com outro produto local, o Atlético-MG , líder do Brasileirão após três rodadas, mesmo sem ser o mais encantador dos times.
Esse líder imperfeito venceu todas as partidas até aqui, passou aperto nas três e ainda vive a repercussão de uma crise que se instalou por causa da pífia participação na Libertadores deste ano, quando o feijão azedou ainda na fase de grupos. O 4 a 1 para o Cerro Porteño custou o cargo a Levir Culpi.
Com Rodrigo Santana como técnico interino, às vésperas da final do Estadual, o Atlético-MG está no mercado em busca de um comandante mais experiente e ao mesmo tempo é o único que surfa na onda dos 100% de aproveitamento. O próprio interino torce para que alguém lhe tire a panela quente das mãos. E ele não esconde isso, expressando o desejo de “aprender mais”.
O Atlético-MG tem alternado o controle de jogo ante os rivais. Contra Avaí e Ceará, teve mais posse de bola. Apesar do segundo maior percentual de passes certos (92,6%) na Série A, o time tem dificuldade de criar.
Em São Januário, mesmo saindo na frente, o Atlético-MG chegou ao fundo do poço técnico até aqui na Série A. Barcelona 3 x 0 Liverpool ocorrera horas antes. Foi um contraste gritante. O tropeiro ali demorou a pegar sabor. Dois chutes de fora da área (de Elias e Chará) acebolaram uma apresentação que parecia pura couve.
Contra o Ceará, a virada aos 48 minutos do segundo tempo levantou de vez a bola: Será que é para o torcedor Jair se acostumando com um ritmo surpreendente de resultados positivos neste Brasileirão?
O mais legal do ponto de vista atleticano é que já foram duas vitórias fora de casa. O sucesso como visitante tem sido uma marca de times campeões nos pontos corridos. Pelo que se viu durante os primeiros meses do ano, nem o torcedor mais otimista, com saudade de 1971, projetava esse início.
O time ainda segue tomando gols em todos os jogos. E isso costuma depor contra candidatos ao título. A zaga formada por Igor Rabello e Réver é alta, mas muito lenta. Há um teste de fogo na próxima rodada, no Independência: o cheiro verde do Palmeiras, perseguidor mais azeitado e atual campeão.
A chance é grande de ser um choque de realidade para o Galo, já que os adversários que o líder enfrentou até aqui, convenhamos, não estão na prateleira de cima do futebol nacional.
Fonte: OGLOBO