
Os ex-deputados estaduais do Rio Jorge Picciani, Paulo Melo e Edson Albertassi – todos do MDB – serão julgados pela primeira vez na Lava Jato, nesta quinta-feira no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF-2).
O trio foi denunciado por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Juntos, teriam embolsado mais de R$ 100 milhões.
Os parlamentares foram presos no ano passado, durante o mandato, e continuam detidos. Picciani é o único que seguiu para prisão domiciliar, numa mansão na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio.
A denúncia do Ministério Público Federal cita uma “poderosa organização criminosa abrigada no seio do PMDB fluminense”.
Entre as acusações, estão esquemas criminosos com empreiteiras e a Fetranspor. Os deputados blindavam ou favoreciam as empresas através da atuação no Legislativo.
“Setores do executivo, do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e do legislativo, valendo-se de suas respectivas atribuições, passaram a receber vantagem patrimonial de forma sistemática das empresas contratadas pelo ente público para a realização de obras ou prestação de serviços, como o de transporte coletivo”, dizem os procuradores.
No ano passado, o G1 mostrou que — mesmo presos — os deputados consumiram milhões dos cofres públicos. Eles continuaram recebendo salários, assim como os funcionários de seus gabinetes.
Um pedido de cassação dos três tramitou na Comissão de Ética da Alerj, mas a passos lentos. Depois de um ano, só foi produzido um relatório de uma página que pedia a absolvição. Não houve desfecho do caso.
Jorge Picciani
A denúncia diz que o ex-presidente da Alerj tinha notória “ascendência e liderança sobre os parlamentares”, além de presidir o partido. A ele, a Fetranspor teria pago R$ 50 milhões, entre 2010 e 2015. Ele nega.
Entre 2008 e 2014, a Odebrecht teria pago R$ 11,5 milhões. Os dados constam em delações e na planilha do Serviço de Operações Estruturadas da construtora, que servia como um “Departamento de Propina”.
Paulo Melo
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2019/B/T/JWJBDyRYm8rIl0y6Jt6A/dinheiropaulomelo.jpg)
Dinheiro em espécie foi encontrado na casa do ex-presidente da Alerj Paulo Melo (MDB) — Foto: Reprodução
Entre 2010 e 2014, Paulo Melo teria recebido R$ 1,4 milhões da mesma empreiteira. Praticamente nesse mesmo período, “Pinguim” – como foi identificado nas planilhas da Fetranspor – recebeu R$ 54 milhões. Nessa época, ele era o presidente da Casa.
Edson Albertassi
2º vice-presidente da Casa e líder do MDB na Alerj, Albertassi também teria recebido propina da Fetranspor através de rádios da família. Os pagamentos teriam ocorrido entre 2012 e 2014, segundo a denúncia, com mesadas de R$ 60 mil.
Fonte: G1