O adolescente de 17 anos, que teria participado do planejamento do massacre da escola de Suzano (SP), chegou ao Fórum da cidade por volta das 10h50 desta sexta-feira (15). De acordo com a polícia, ele também é ex-aluno da Escola Estadual Raul Brasil e foi colega de classe de um dos assassinos.
No Fórum, o menor começou a ser ouvido pelo promotor da Vara da Infância e Juventude. Depois, ele vai para a sala de audiência de apresentação (não é de custódia).
A partir daí, a juíza Érika Marcelina Cruz pode determinar a internação imediata ou o acompanhamento assistido.
Segundo a polícia, o material relacionado à participação do adolescente já tinha sido recolhido pelos investigadores.
Delegado-geral da Polícia de SP fala sobre as investigações do massacre de Suzano
“Ainda não confirmamos a informação, estamos submetendo a fotografia do adolescente ao responsável pelo estacionamento para confirmar. Temos outros dados que fazem crer que esse indivíduo participou pelo menos da fase de planejamento.”
Guilherme Taucci Monteiro, de 17 anos, e Luiz Henrique de Castro, de 25, mataram sete pessoas na Escola Estadual Raul Brasil, na quarta-feira (13). Guilherme também baleou e matou o próprio tio, em uma loja de automóveis.
A investigação aponta que, depois do ataque na escola, Guilherme matou Henrique e, em seguida, se suicidou. A polícia diz que os dois tinham um “pacto”, segundo o qual cometeriam o crime e depois se suicidariam.
Corpos dos adolescentes assassinados são levados do velório, na Arena Suzano, para enterro — Foto: Roberto Casimiro/ Fotoarena/ Estadão Conteúdo
Motivação
De acordo com Fontes, a investigação aponta que os autores do massacre esperavam reconhecimento da comunidade e aparecer na mídia: “Esse foi o principal objetivo, não tinha outro”, diz delegado Ruy Ferraz Fontes.
Tal informação foi relatada à polícia por testemunhas próximas a Guilherme, que seria o líder da dupla. “Pessoas que estavam próximas dele e obtiveram essa informação diretamente dele”.
Depois da chuva, um arco-íris marcou o céu sobre o cemitério em Suzano, onde os corpos de cinco vítimas são enterrados nesta quinta (14). — Foto: Philipe Guedes/TV Globo
Para o delegado, a questão do bullying é pouco representativa, pois foi citada em apenas uma parte da investigação. A polícia trabalha com a questão do reconhecimento e vingança na motivação da morte do tio.
“Na realidade, ele estava se sentido não reconhecido pelo tio, apesar de o tio ter contratado ele para trabalhar na empresa, mas ter que demitir posteriormente, porque ele estava praticando pequenos furtos”, explicou o delegado Fontes.
Segundo a polícia, a investigação indica que eles não pretendiam fazer ataques em outras escolas. “Todo material colhido não demonstra que eles fariam ou tentariam fazer outros ataques em outras escolas”, afirmou.
Vítimas de massacre em escola de Suzano são enterradas — Foto: Reuters/Ueslei Marcelino
Organização criminosa
Fontes também informaram que ainda não há nenhuma relação direta com a “deep web”.
“No momento não vamos revelar como era feita a comunicação [entre os criminosos]. O que posso indicar é que a maioria das conversas deles eram pessoais, travaram poucas conversas através da internet. Não tenho nenhuma evidência, até o presente momento, de que eles estivessem consultando a ‘deep web’, para poder ter material suficiente para executar o que executaram”, disse o delegado Fontes.
Um promotor do júri e o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), ambos do MP, querem saber se Guilherme e Luiz Henrique foram incitados ao crime por membros de um fórum na “deep web”, um segmento da internet que não pode ser encontrado por buscadores como o Google e onde podem estar redes e sistemas anônimos.
O MP atuará diretamente com ao Polícia Civil, que já investiga o caso e busca saber qual foi a motivação do crime. Se os órgãos apontarem alguém que tenha incitado os assassinos a cometerem o crime, essa pessoa ou grupo de pessoas poderão responder por organização criminosa ou até por participação na chacina.