
O assistente Uesclei Regison Pereira dos Santos, que acusou um torcedor de chamá-lo de macaco durante Nacional x Princesa, na quarta-feira passada, quebrou o silêncio em entrevista concedida ao GloboEsporte.com.
O auxiliar, inicialmente, só havia se pronunciado na súmula e em denúncia na delegacia, através de um boletim de ocorrência. Uesclei admitiu sensação de impotência no momento em que sofreu a suposta injúria racial. Mas deixou claro que, se a ofensa fosse feita na rua, o “desfecho seria outro”.
– Na hora eu não pude fazer nada, um sentimento de impotência. Sabe quando você é ofendido e não pode fazer nada? O pior de tudo foram as pessoas que estavam ao lado dele, que acharam normal, pelo fato de serem da mesma torcida – disse.
“Te falo de coração que se esse episódio ocorresse na rua, o desfecho seria outro, porque acima de tudo tenho um nome a zelar e honrar pela cor da minha pele. Talvez quem daria queixa fosse ele, porque ele não teria mais dentes para falar ou para rir” – Uesclei Regison Pereira dos Santos.
Ueslei também lamentou a falta de punição ao suposto agressor, que, mesmo identificado no mesmo momento que proferiu a ofensa, seguiu no estádio até o apito final.
O homem, que supostamente trajava uma camisa do Grêmio, não foi intimado a depor até a publicação dessa reportagem.
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Uesclei foi deslocado para outro jogo — Foto: Marcos Dantas
– Vivemos em uma era do “mimimi”, do vitimismo. Por isso te garanto que se fosse em outro lugar, em uma outra ocasião, o desfecho seria outro. Por mais incrível que pareça, já trabalhei em vários estados do Brasil e nunca passei por isso. As duas situações aconteceram aqui no Amazonas, lá foram eles nos chamam de índio – finalizou.
Entenda o caso
O assistente Uesclei Regison Pereira dos Santos afirmou ter sido vítima de injúria racial na partida entre Nacional e Princesa, na noite desta quarta-feira, na Arena da Amazônia, pela quarta rodada do Campeonato Amazonense.
Uesclei afirma que foi chamado de macaco por um torcedor que encontrava-se na torcida do Naça. O jogo chegou a ficar paralisado por cerca de cinco minutos, a pedido do auxiliar, que identificou o agressor no mesmo momento.
Homens do Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) chegaram a conversar com o quarto árbitro, mas ninguém foi detido ou encaminhado para prestar depoimento. Segundo a FAF, os policiais informaram que estavam atrás do bandeira e não ouviram qualquer insulto de natureza racista.
A ofensa teria acontecido quando o jogo estava 2 a 0 para o Nacional. O lateral Paulinho chegou a fazer o terceiro gol, no segundo tempo, mas Uesclei marcou impedimento, alegando que o atacante Romarinho, que estava embaixo da trave, teria participado do lance.
Fonte: Globo.com