Prestes a abrir as contas para os sócios, em reunião do Conselho Deliberativo, nesta terça-feira, o presidente do Sport, Milton Bivar, revelou o tamanho da crise financeira do clube. Com uma previsão orçamentária que indica uma queda de dois terços do que o Leão teve em 2018, o mandatário disse que as dívidas do Rubro-negro superam os R$ 100 milhões.
– O Sport deve um montante superior a R$ 100 milhões. Infelizmente, o clube está em uma situação caótica. Quando assumi, pensei que era algo em torno de R$ 60 milhões, mas é muito superior. Destrincharei esses números na reunião do conselho, mas tivemos problemas sérios de gestão. Nos últimos anos, o Sport teve uma previsão de orçamento que superava os R$ 100 milhões, mas em 2019 nós teremos um terço disso. É essa a nossa situação – disse o dirigente, lembrando que o Leão teve um orçamento de R$ 108.382.297, em 2018.
De acordo com o Bivar, contratações, altos salários e dívidas com clubes são os piores problemas que o Sport enfrenta.
– As pessoas perguntam como essa dívida foi gerada. Vou dar um exemplo do que aconteceu aqui nos quatro últimos anos. O Sport contratou um jogador que tinha os direitos econômicos ligados a dois clubes. Dividiu a compra em 12 vezes, pagou uma e não pagou mais. Atrasou o salário do jogador e passou a ter três dívidas. Não só foi um atleta, foram vários. Isso, além de jogador ganhando até R$ 400 mil. O Sport não pode pagar esse salário para ninguém.
Apesar de culpar as gestões de João Humberto Martorelli e Arnaldo Barros, Bivar deixou claro que, no momento, não pensa em procurar responsabilizar os ex-presidentes na esfera jurídica.
“Não posso levar para justiça pois não tenho provas de que algo foi feito de má fé. Responsabilizo na capacidade, pois foram gestões desastrosas, mas só procuraria a Justiça se fosse algo desleal. Se isso for constatado, certamente eu buscarei os direitos do Sport.”
A reportagem tenta contato com os ex-presidentes João Humberto Martorelli e Arnaldo Barros. Até o momento, as ligações não foram atendidas.
Sem receita prevista de patrocínio ou participação em competições, Milton Bivar deixou claro o que, para ele, será a solução para reduzir o rombo financeiro.
– Vamos reduzir o clube. Não tem jeito. Teremos que demitir, reduzir regalias, fazer uma folha enxuta. Administrativo e futebol. Não tenho mais receita. Anteciparam até anuidade dos sócios. A solução é isso: reduzir o tamanho do clube, pois não temos condição de pagar. A folha do futebol também será enxuta, não posso ter um time caro. Nem perto disso.