Condenado por corrupção no futebol e preso nos EUA, o ex-presidente da CBF José Maria Marin terá que devolver sozinho US$ 137.532,60 (cerca de R$ 519 mil) para as entidades que se sentiram lesadas por seus crimes – US$ 118 mil para a Conmebol e US$ 19.532,60 para a Fifa. A decisão do Tribunal Federal do Brooklyn, onde corre o “caso Fifa” foi divulgada na noite desta terça-feira.
Os valores são referentes a salários e benefícios (como diárias e passagens, por exemplo) pagos ao dirigente entre 2012 e 2015, quando ele ocupou cargos nessas entidades. A CBF também poderia ter algum dinheiro a receber, mas a confederação não se declarou vítima no processo.
Últimas três páginas da sentença do Tribunal do Brooklyn, nos Estados Unidos, com os valores devidos por Marin e Napout — Foto: Reprodução
A decisão da juíza Pamela Chen também determina quanto dinheiro a Fifa, a Conmebol e a Concacaf têm direito a receber de outros réus. Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol e condenado no mesmo julgamento que Marin, terá que devolver US$ 356.368,12 (R$ 1,34 milhão). Os dois cartolas ainda precisam dividir uma restituição de US$ 24 mil para a Fifa (R$ 90,7 mil).
No total, as entidades que se sentiram lesadas pelo “Caso Fifa” vão ter direito a receber dos réus quase US$ 2,8 milhões (R$ 10,58 milhões). A quantidade é muito inferior aos quase US$ 150 milhões (R$ 567 milhões) que Fifa, Conmebol e Concacaf haviam pedido. A juíza Chen considerou exagerados os pedidos de restituição das entidades que se declararam vítimas no processo.
Ele foi acusado de embolsar ilegalmente US$ 6,5 milhões em contratos de direitos comerciais da Copa do Brasil, da Taça Libertadores e da Copa América. Aos 86 anos, o ex-presidente da CBF cumpre pena numa prisão de segurança mínima no estado da Pensilvânia. Ele se diz inocente e recorre.
Entenda o caso
O ex-dirigente brasileiro foi acusado de sete crimes pela promotoria da Justiça americana. São eles: organização criminosa (1x), fraude bancária (3x) e lavagem de dinheiro (2x). Eles estão ligados à Taça Libertadores da América, Copa do Brasil e Copa América, cometidos entre os anos 2012 e 2015, período em que Marin foi presidente da CBF. No fim do ano passado, Marin foi absolvido de acusação de lavagem de dinheiro relativa ao torneio nacional.
O ex-presidente da CBF não esteve sozinho no tribunal. Nesse mesmo julgamento, o júri popular formado na corte, em Nova York, também condenou o ex-presidente da Conmebol e da Associação Paraguaia de Futebol Juan Angel Napout por organização criminosa e fraude bancária.
Juan Angel Napout, outro condenado no Tribunal do Brooklyn — Foto: AP Photo/Seth Wenig
Tanto Napout quanto Marin foram, no dia 22 de dezembro de 2017, para a prisão no Brooklyn. Segundo a promotoria, Marin recebeu ao todo U$ 6,5 milhões de propina de empresas de marketing esportivo para assinar contratos de direitos comerciais de competições de futebol na América do Sul.
Os advogados de Marin argumentaram que deveria ter sido considerado tempo em que o ex-presidente da CBF ficou preso, por isso, pediram a liberação dele imediatamente. Marin está detido na penitenciária do Brooklyn desde a sua condenação no final de dezembro passado.
A investigação feita pela justiça americana se tornou pública em maio de 2015, quando José Maria Marin e mais cinco dirigentes de futebol de outros países foram presos em um hotel na Suíça. À época, o dirigente brasileiro aceitou ser extraditado para os Estados Unidos e ficou de 2015 a dezembro de 2017 em prisão domiciliar, em seu apartamento de luxo, no prédio Trump Tower, em uma das áreas mais caras de Nova York.
Ex-presidentes da CBF, Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero (que foi suspenso pela FIFA) também foram denunciados pela justiça americana por receber propina e cometer os mesmos crimes pelos quais Marin foi condenado. Mas como o Brasil, por lei, não extradita seus cidadãos, eles não são julgados em Nova York.