No dia seguinte à vitória nas urnas, que lhe garantiu a reeleição para governador de Mato Grosso do Sul com 52,53%, Reinaldo Azambuja (PSDB), em entrevista exclusiva ao Campo Grande News, afirma que pretende enxugar a estrutura administrativa, reduzir comissionados, planeja nomes novos no segundo mandato e, agora, aposta que o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) ajude MS a blindar suas fronteiras, inclusive com uma entrega de documento sobre segurança.
“Não vou falar em números, mas temos hoje condições tranquilas de sempre buscar o que já foi a tônica do primeiro mandato: gastar menos com o governo para poder gastar mais com as pessoas. Isso vai continuar. E sem fazer inchaço da máquina pública, pelo contrário, sempre buscando diminuir o tamanho do governo ” afirma Azambuja, sobre o novo formato da estrutura de administração.
Atualmente, o primeiro escalão tem dez secretarias, na menor estrutura entre os Estados brasileiros. Numa manhã em ritmo de maratona, Azambuja tem o dia acompanhado por uma equipe de televisão, e se divide em entrevista e telefonemas com vencedores da eleição no segundo turno, como João Dória, eleito governador de São Paulo.
No meio da correria, diz que pensa em caras novas para o segundo mandato, mas que as decisões serão com calma e, por enquanto, não há nomes para ser anunciados. “Não tenho em pensamento ainda. Terminamos ontem a eleição e vamos olhar com mais tranquilidade até o fim do ano”, diz. Para Reinaldo, é natural que não se prossiga no segundo mandato com as mesmas pessoas.
“Algumas pessoas podem mudar de posição e novas caras poderão vir. Agora, vamos ter um tempo para analisar isso. Sem pressa”.
Conforme o governador, desde a última reforma administrativa, o governo tem 1.800 comissionados e 6.500 professores convocados. “Reduzimos muito no primeiro mandato o número de cargos em comissão, quase três mil. E tem espaço ainda para buscar diminuir mais”.
Reeleito, ele afirma que a disposição em diminuir os gastos com a máquina administrativa não conflita com a abertura de espaço para aliados.
Nesta eleição, Reinaldo liderou uma aliança com 12 partidos e ganhou até apoio de representantes de siglas adversárias, como o deputado federal Zeca do PT, que perdeu a disputa para o Senado. “Não vamos trocar apoio por cargo. O critério é de competência. Vamos primar por isso”, afirma.
Rejeição – O governador registrou cenário contraditório durante a campanha eleitoral. Enquanto pesquisa cravava aprovação de até 70% da sua gestão, levantamento sobre a intenção de voto apontava que 26% da população não votaria em Reinaldo de jeito nenhum.
Ele analisa que enfrentou a criminalização da política e destacou que a vitória foi conquistada na disputa com um candidato que era “novidade”. No caso, o juiz Odilon de Oliveira (PDT), que veio direto da Justiça Federal para a política.
“Nesses três anos e dez meses, a gente vivenciou um momento de intensa criminalização da atividade política. Uma parcela do eleitorado muitas vezes rejeita a forma como você governa. Mas a reeleição é o apoio à manutenção do governo”, afirma o governador.
Blindado – As fronteiras escancaradas, reclamação que marcou o primeiro mandato de Azambuja, serão discutidas a partir de 2019 com Bolsonaro, que já elogiou a atuação do DOF (Departamento de Operações de Fronteira) em Mato Grosso do Sul.
“Blindar a fronteira é a presença policial. Quem está cuidando hoje das fronteira é o DOF. Mas se tiver o reforço da forças federais, por exemplo, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Exército, vai melhorar muito”, diz.
Segundo o governador, a guerra com o tráfico está sendo perdida nas grandes cidades, a exemplo do Rio de Janeiro.