Uma reintegração de posse pegou de surpresa os moradores do terreno da empresa mexicana Homex na manhã desta segunda-feira (13). A chegada das patrolas, por volta das oito da manhã, deixou os moradores preocupados sobre o destino da comunidade.
A reintegração de posse contou com o apoio da Guarda Civil Municipal e a PM (Polícia Militar). Servidores da Emha (Agência Municipal de Habitação de Campo Grande) estão presente no local, onde efetuam o cadastramento dos moradores. Fiscais da Semadur (Secretaria Municipal do Meio Ambiente e Gestão Urbana) também acompanham a operação.

De acordo com informações de Enéas José de Carvalho Netto, diretor-presidente da agência fr habitação, o objetivo da operação é a derrubada de casas construídas no terreno, mas onde não há moradores.
“Caso haja apenas um colchão, por exemplo, e não tem móveis nem objetos pessoais, entendemos que a casa não está ocupada e ela é derrubada”, diz. Em locais onde há pessoas morando, a casa é preservada e os moradores fazem um recadastramento na Emha, para que, no futuro, seja feito o reassentamento.

A construção das moradias irregulares começou há cerca de dois anos, quando os moradores ocuparam um terreno vazio e começaram a levantar as casas. Cleonice Andrade, de 46 anos, é manicure e viu no terreno uma oportunidade de deixar o aluguel. Em janeiro deste ano, ela começou a construção da casa no local, quando fez o investimento de R$ 6 mil. A moradia onde vive com os dois filhos não será destruída, mas a situação não deixa de revoltá-la.
A vizinha de Cleonice, Adriele da Silva tem 19 anos e é diarista. Adriele também teve a casa destruída, mas se revolta com a operação. “Fico impressionada com a frieza com que derrubam a casa e o sonho das pessoas. Passaram aqui, fizeram o nosso recadastramento, mas a gente sabe que não vamos conseguir uma casa tão cedo”, diz. Já o mecânico Valdelino Silva, de 30 anos, explica que, de fato, há pessoas que constroem casas no terreno, mas acabam abandonando. Valdelino investiu R$ 2,5 mil no sonho da casa própria e espera não ter que sair do local.

Enquanto alguns ocupantes respiram aliviados por não terem suas casas destruídas, outros lamentam pelo prejuízo causado pelas patrolas. Adelaide de Oliveira, de 45 anos, está desempregada e chora pela destruição de sua casa. A moradora investiu R$ 4,5 mil para a construção e morava na ocupação há três meses. “Eu não entendo porque a Emha achou que estava desocupada. Estou muito revoltada, investi tudo que eu tinha, peguei dinheiro emprestado do meu filho para construir esta casa”, lamenta.
O acabador Eduardo Recalde, de 35 anos, conta que morava de aluguel com a esposa e os três filhos, até que não conseguiu mais pagar as contas. No terreno da Homex, viu uma saída e construiu uma barraca no local. Hoje ele aguardava pela chegada d o material para a construção de sua casa, mas teve os planos frustrados com a chegada da Emha. “Fui pego de surpresa, derrubaram o meu barraco de tijolo, não sei como vai ser agora porque derrubaram a minha obra que estava começando”, afirma.