Depois de 35 dias, Maiza de apenas 6 anos é resgatada em assentamento e devolvida aos pais

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Depois de 35 dias desaparecida, a menina Maiza Valentina de Matos Camargo, de 6 anos, voltou para os braços dos pais adotivos neste domingo, com ajuda da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. A menina havia sido levada pela mãe biológica, que não tinha autorização da justiça, e foi deixada em assentamento na região de Guiratinga, no interior do Mato Grosso, a cerca de 130 quilômetros de Rondonópolis.

O reencontro aconteceu por volta das 17 horas, na Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário (Depac) da Vila Piratininga, em Campo Grande, após trabalho de busca coordenado pela equipe da investigadora Maria Campos, da 5ª Delegacia de Polícia da Capital, conhecida pela atuação em casos de desaparecimentos. Ao todo, Maria já fez 712 reencontros somente de filhos que se separam dos pais.

O aposentado João Gomes Carvalho, de 53 anos, e a esposa Jane Nary Garcia Matos, 52, funcionária pública, aguardavam ansiosos na porta da Depac. Eles não viam a hora de poder abraçar a filha e voltar com ela em segurança para Bela Vista, onde residem. Quando a viatura chegou, os pais e familiares que os acompanhavam não seguraram as lágrimas. “Só tenho a agradecer”, disse a mãe, emocionada.

Ainda assustada, Maiza estava tímida, mas não se desgrudou da mãe. Em algumas das poucas palavras que disse, lembrou do cão Thor, de quem estava com muita saudade. “Foi uma situação muito difícil para todos nós”, ressaltou João. Apesar de tudo, Maiza estava bem e deve receber acompanhamento psicossocial para lidar melhor com a situação. “Ela sempre soube de tudo o que acontecia”, explicou a mãe.

A ADOÇÃO

Maiza é filha biológica de Gleice Mara Dias, de 31 anos, que foi casada com o irmão de Jane. De acordo com a família, tanto Gleice quanto o ex-marido sempre se demonstraram indiferentes com a menina, tanto que, em 2014, quando ela tinha apenas 2 anos, Gleice se apresentou para Jane oferecendo a criança para adoção. “Ela disse a meu marido e eu que ia embora para Portugal e que se a gente quisesse, poderia ficar com a menina, se não, ela doaria para outras pessoas. Então nós decidimos adotá-la”, explicou.

Conforme relatado por Jane, em março daquele ano, Gleice viajou de Rondonópolis para Mato Grosso do Sul e entregou a filha à nova família. Em maio, João e Jane entraram com pedido de guarda na justiça e obtiveram, naquele momento, a guarda provisória. À época, Gleice já havia doado outros três filhos segundo João. “Ela nunca apareceu para falar com a filha. Só enviava mensagens por WhatsApp e vinha nas audiências”, lembrou o pai.

Com o passar dos anos, Gleice tentou reaver a filha, mas sem sucesso, porque além do histórico de doações, também pesava contra ela laudo psicossocial. Em outubro de 2017, após longa batalha judicial, João e Jane tiveram a guarda definitiva. Gleice, por sua vez, tinha o direito de visitar a filha e ficar com ela por até 24 horas, mas sem permissão de deixar a comarca ou ir para local desconhecido.

Se aproveitando de uma dessas oportunidades, a mãe biológica pegou a filha no dia 30 de junho deste ano, em Bela Vista, para uma visita de rotina, mas nunca mais voltou. Ela teve ajuda do marido, o tapeceiro Alexandre da Silva Souza, de 35 anos, que é padrasto de Maiza, e de uma advogada. A menina foi colocada em um veículo e levada para o Mato Grosso. Sem contato e preocupados com a integridade da menina, os pais acionaram a polícia e a justiça.

AS BUSCAS

A investigadora Maria Campos relatou que, a partir do recebimento da denúncia, iniciou trabalho minucioso de pesquisa com seus colegas. “Fomos investigando os familiares da mãe biológica e do padrasto um por um, até que conseguimos informações sobre o paradeiro, que era o assentamento, e fomos lá buscá-la. Como o cerco policial foi fechando, a mãe acabou fugindo. O padrasto da menina e a advogada foram presos e serão investigados”.

Segundo o delegado João Reis Belo, titular da 5ª DP e responsável pelo inquérito policial, neste momento, os envolvidos respondem pelos crimes de subtração de incapaz, associação criminosa e desobediência de ordem judicial. “A mãe tinha direito de ver a filha, mas não poderia sair da comarca com ela e contou com a ajuda de outras pessoas para levá-la. Por isso, eles serão investigados por estes três crimes”, pontou Reis.

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