Juiz aceita denúncia e 28 policiais viram réus em processo da Máfia do Cigarro

0

A Justiça aceitou denúncia do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e 28 policiais militares viraram réus por corrupção passiva e organização criminosa. Eles foram alvos da operação Oiketicus, que investiga pagamento de propina pela Máfia do Cigarro para a livre circulação dos produtos contrabandeados do Paraguai.

O juiz Alexandre Antunes da Silva desmembrou o processo em quatro ações penais: uma para oficiais, uma segunda para aposentados, e as outras duas conforme os núcleos apontados na denúncia.

O grupo um agia na região de Bela Vista, Bonito, Guia Lopes da Laguna e Jardim, incluindo unidades no distritos de Alto Caracol e Boqueirão. O segundo abrangia as cidades de Dourados, Maracaju, Mundo Novo, Naviraí, Iguatemi, Japorã e Eldorado

A lista dos 28 nomes é formada por Admilson Cristaldo Barbosa, Alisson José Carvalho de Almeida, Anderson Gonçalves de Souza, Angelucio Recalde Paniagua, Aparecido Cristiano Fialho, Claudomiro de Goes Souza, Claiton de Azevedo, Clodoaldo Casanova Ajala, Elvio Barbosa Romeiro, Erick dos Santos Ossuna, Francisco Novaes, Ivan Edemilson Cabanhe, Jhondnei Aguilera, Kelson Augusto Brito Ujakov, Kleber da Costa Ferreira.

Além de Lindomar Espindola da Silva, Lisberto Sebastião de Lima, Luciano Espindola da Silva, Maira Aparecida Torres Martins, Marcelo de Souza Lopes, Nazário da Silva, Nestor Bogado Filho, Nilson Procedônio Espíndola, Oscar Leite Ribeiro, Roni Lima Rios, Salvador Soares Borges, Valdson Gomes de Pinho e Wagner Nunes Pereira.

Oficiais – Segundo a promotoria, a estrutura do grupo era piramidal. No topo, policiais militares com patentes mais elevadas desfrutavam de maiores valores. Na lista dos “cabeças” aparecem três oficiais: o tenente-coronel Admilson Cristaldo, o tenente-coronel Luciano Espindola da Silva e o major Oscar Leite Ribeiro. Cristaldo e e o major também foram denunciados por lavagem de dinheiro. Os três são ligados ao núcleo 1.

O MP/MS (Ministério Público de Mato Grosso do Sul), cujo um dos braços é o Gaeco, traça um cenário de ostentação para Admilson Cristaldo Barbosa, que comandava a PM em Jardim. Entre 2015 e 2018, são relacionadas viagens (R$ 8 mil por duas noites no Hotel Pestana Rio Atlântica Copacabana, no Rio de Janeiro), tour de motocicleta por seis países, compras na Prada Brasil, banheira de R$ 28 mil e whisky de R$ 1.490.

Segundo o documento, apenas com os gastos ordinários, pagamentos de empréstimos, entre outras despesas, toda renda do denunciado fica comprometida, inexistindo margem que justifique a aquisição de bens vultosos. A quebra de sigilos, incluindo o armazenado em “nuvem”, um disco virtual, mostra viagens para Rio de Janeiro, Bonito, Florianópolis e Natal.

Núcleo 2 – O Gaeco fez especial menção ao cabo Aparecido Cristiano Fialho, que teria acumulado patrimônio de quase R$ 7 milhões. O dinheiro do esquema seria “lavado” em uma revenda de automóveis de Naviraí. Além disso, ele foi relacionado como dono de mais de dez imóveis. O policial também foi denunciado por lavagem de dinheiro.

Defesa – Responsável pela defesa de 14 policiais, Edmar Soares da Silva afirma que as provas são frágeis. Ele é advogado da ACS (Associação e Centro Social dos Policiais Militares e Bombeiros Militares de Mato Grosso do Sul).

“Lemos e relemos a denúncias, as provas são muito vazias e esperamos absolver, se não a totalidade, a grande maioria. As provas são muito frágeis. As interpretações de falas não têm cabimento. E vamos discutir no decorrer do processo”, afirma. A reportagem não conseguiu contato com os demais advogados.

Três etapas – Na primeira fase, realizada em 16 de maio, foram cumpridos 20 mandados de prisão preventiva contra policiais, sendo três oficiais, e 45 mandados de busca e apreensão. O saldo total foi de 21 prisões porque um sargento acabou preso em flagrante. A ação é do Gaeco e Corregedoria da Polícia Militar.

A ação foi em 16 localidades: Campo Grande, Dourados, Jardim, Bela Vista, Bonito, Naviraí, Maracaju, Três Lagoas, Brasilândia, Mundo Novo, Nova Andradina, Boqueirão (distrito), Japorã, Guia Lopes, Ponta Porã e Corumbá. Segundo a investigação, a remuneração para os policiais variava de R$ 2 mil por mês a R$ 100 mil.

A segunda etapa aconteceu no dia 23 de maio, com mandado de busca e apreensão na casa e escritório de servidor do TCE (Tribunal de Contas do Estado). A terceira fase foi em 13 de junho, quando mais oito policiais foram presos. Nome da operação, oiketicus é um inseto conhecido popularmente como “bicho cigarreiro”.

 

Artigo anteriorConcurso da Polícia Federal: inscrições são prorrogadas até 7 de julho
Próximo artigoBélgica vira no último minuto e elimina o Japão

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui