A inflação oficial do Brasil fechou 2017 em 2,95%, abaixo do piso da meta fixada pelo governo, de 3%, segundo informou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (10). É a primeira vez que isso acontece desde que o regime de metas foi implantado no país, em 1999.
De acordo com a série histórica do IBGE, esse índice é o menor desde 1998, quando chegou a 1,65%. Em 2016, o IPCA havia ficado em 6,29%.
O resultado de 2017 foi puxado principalmente pelo aumento de preços de botijão de gás (16%), planos de saúde (13,53%), creche (13,23%), gás encanado (11,04%), taxa de água e esgoto (10,52%), ensino médio particular (10,36%), energia elétrica residencial (10,35%) e gasolina (10,32%).
O que explica a forte desaceleração do IPCA em 2017 é o comportamento dos preços de alimentação e bebidas, que têm o maior peso no cálculo do índice. Com o aumento de 30% da safra, os alimentos ficaram 1,87% mais baratos e impediram que a inflação avançasse ainda mais.
Com isso, os preços dos alimentos consumidos em casa fecharam o ano em baixa de 4,85%, sob forte influência das frutas, cujos preços tiveram redução de 16,52%.
Segundo o analista da Coordenação de Índices de Preços ao Consumidor Fernando Gonçalves, a partir de agora deverá ocorrer um “realinhamento” dos preços dos alimentos. “Eles tiveram muitas quedas por conta da supersafra do ano passado. Não podemos dizer que a partir de agora há uma tendência de alta crescente, mas deve ocorrer um realinhamento desses preços.”
Ao longo de 2018, a inflação deve “voltar à normalidade”, de acordo com Gonçalves. Questionado sobre qual seria esta medida de normalidade, o anaista explicou que não devem ocorrer fenômenos atípicos que deixem o índice muito elevado ou muito baixo.
Goiânia e Brasília registraram as maiores variações do IPCA: 3,76%, puxados pelos reajustes de energia elétrica (30,54%) e ônibus urbano (25%). O índice mais baixo foi o de Belém (1,14%), sob influência das quedas do feijão-carioca (-46,21%) e do açúcar cristal (-35,62%).
O resultado de 2017 ficou próximo à previsão do Banco Central. Em dezembro, um relatório da instituição estimou que a inflação de 2017 seria de 2,8% e à dos economistas consultados pelo boletim Focus. Na última pesquisa que mostrava as previsões para 2017, a inflação estava em 2,79%.
Inflação mais forte em dezembro
Em dezembro, o IPCA registrou a maior taxa mensal do ano inteiro: 0,44%. Em novembro, o índice chegou a 0,28%.