Como seria viver em outro país?

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Mário Sérgio Lorenzetto

Pensando em viver fora do Brasil? Desemprego, violência, medo da possível vitória do Bolsonaro? Planeje e simule como será sua nova vida. “If it were my home” (“Se fosse minha casa”, em português) é o site capaz de facilitar tua pesquisa. Compara diversos índices de qualidade e estilo de vida entre as nações que escolhe comparar. Desde a saúde à educação, passando por outros aspectos como segurança, emprego e clima.
Imaginemos que escolha viver em Portugal, o destino da moda que substituiu Miami após a vitória de Trump. Verá que é provável que morra mais tarde. O site diz que terá a chance de acrescentar 5,7 anos ao tempo aproximado de vida que tem ao viver no Brasil. Todavia, a má notícia é que gastará 80% a mais em cuidados com a saúde. Há um dado curioso: você passará a ter 52% menos chance de estar na prisão. O site detecta automaticamente que você vive no Brasil, mas não faz a tradução do inglês para o português.

 

A Itália iniciará o ano com eleições legislativas. O 4 de março será crucial para os italianos e para a Europa. Talvez para o mundo. Pela primeira vez, uma força nem à esquerda e nem ‘a direita tem condições de vencer. Desde a Operação Mani Puliti a Itália soçobra, perdida no espaço sideral da política. Depois da era do histriônico Berlusconi, surge seu herdeiro, o comediante Beppe Grillo. Um palhaço profissional assume as rédeas da política italiana. Nas últimas eleições legislativas, o movimento de Beppe Grillo, denominado 5 Estrelas, obteve 26% da Câmara de Deputados – a maior bancada – e 24% do Senado. A instabilidade foi perpetuada. Nos últimos anos a Itália teve três Primeiros-Ministros: Enrico Letta, Matteo Renzi e Paolo Gentiloni. Todos de perfil técnico. Todos fracassaram estrepitosamente. E não há alternativas. O centro e a esquerda foram ceifados pela Mani Puliti. A centro-direita de Berlusconi está desacreditada. O seccionismo xenófobo da Liga Norte enfraqueceu. Sobrou o comediante.
Beppe Grillo, apesar da imprensa brasileira de esquerda o apresentar como um Tiririca, pode ser minimamente comparado com um Jô Soares. Oriundo de um programa televisivo da rede de emissoras de Berlusconi, soube aproveitar a onda da internet. Ganhou a simpatia dos eleitores que desconfiam dos partidos tradicionais e que estão sem representantes no liberalismo.
É um fenômeno complexo que não pode ser liquidado com uma palavra ou frase lapidar. Muitos dizem que o Movimento 5 Estrelas é populista. Essa classificação esconde o simplismo de quem a utiliza.

 

Esse movimento foi criado em outubro de 2009. Ele pertence, é uma propriedade de Beppe Grillo e de um marqueteiro de nome Gianroberto Casaleggio. Somente eles dispõem quem entra ou sai do movimento. Funciona como uma empresa. Dentre outras, ninguém pode usar esse nome.
Em 2004 a dupla sai da televisão e vai para a internet. As ideias preconizadas pelo 5 Estrelas são de puro liberalismo: “o espaço onde se constitui a perfeita concorrência entre as ideias, onde se realizará a melhor atribuição dos recursos e a justa redistribuição da riqueza, a potenciação das competências e o reconhecimento da meritocracia”. Tudo isso deveria acontecer, segundo os dois proprietários do movimento, “sem conflito social e sem relações de força”. Uma utopia singular e patética.
Grillo pôs na internet sua fama, construída na televisão, procurando preencher o vazio da representação política. No início seus temas prediletos eram a ecologia, a participação dos cidadãos ou o abuso dos poderosos. Atacava juízes, políticos e empresários. O crescimento só veio em 2012, na Sicília, onde ocupou todo o espaço da direita tradicional. Seu boom eleitoral ocorreu quando adotou temas como a desconfiança em relação aos imigrantes e os protestos contra os impostos e gastos públicos. Todos as pesquisas dão ao 5 Estrelas a vitória em 4 de março. Tal como nas eleições francesas e alemãs, o mundo político está apreensivo. Não se sabe o que Beppe Grillo prepara para seu governo. Mas não será uma piada.

Fonte : Campo Grande news

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